sexta-feira, 21 de junho de 2019

Um nariz grande


Uma grande amiga minha tem algo que a incomoda: um nariz que ela diz ser feio por ser grande demais. Pensando bem, outro amigo reclama pelo mesmo motivo.

Que dizer a respeito? Digo que isso é resultado de uma visão obtusa e imatura sobre questões estéticas.

Diana Vreeland disse:

“Um nariz desprovido de força é um espetáculo lamentável. É uma das críticas que se pode fazer hoje a alguém. Se você nasce com um nariz pequeno demais, a única coisa que lhe resta é querer aumentá-lo.” 

Ela estava certa! E digo isso sem aquele interesse de confortar aqueles que se sentem desconfortáveis com seus narizes proeminentes.

De fato, resgatando lembranças dos anos de frenesi juvenil em torno dos meus ídolos, recordo que as mulheres por quem desenvolvi uma adoração apaixonada e um desejo de incorporação, tinham um nariz grande para os padrões desejáveis: Sarah Michelle Gellar e Gillian Anderson.

O que dizer daquele nariz com lombada da sempre deslumbrante Luciana Vendramini? Ou do nariz saliente da última grande supermodelo, Gisele Bundchen?  Ou do rosto judaico da queridinha dos anos 90, Sarah Jessica Parker, da padaniana Laura Pausini e a beleza etíope, Sara Nuru?  Mulheres fascinantes! Nada de "Nariz Gleice Hoffman"!

Sou da opinião de que uma mulher forte deve ter um nariz forte. Vejam Virgínia Woolf, Edith Sitwell, Maria Callas, Joan Baez, Betty Friedan, Monica Vitti, Raquel Welch, Princesa Diana, Sandra Bernhard, Niki Taylor, Rose Marie Muraro, Grace Gianoukas, Barbra Streisand.



Homens com narizes pequenos sempre foram pouco atraentes para mim, parecem infantis, ou até mesmo primitivos, como se tivessem estacionado em algum estágio de seu desenvolvimento. Não é por acaso que me apaixonei por Haakon Magnus assim que o vi pela primeira vez. Também não é por acaso que meu ator pornô preferido é Tim Kruger, um alemão de perfil altivo; ou que meu crush na faculdade é um narigudo que roubou meu coração.



É possível que a preferência aparentemente unânime por narizes pequenos seja fruto de uma tendência evolutiva para preferir olhares femininos e dóceis em mulheres. Mas pode ser também produto da cultura americana massificante, que tenta neutralizar e apagar todas as diferenças étnicas e raciais.



Sendo meus ancestrais majoritariamente originários da Itália e de Portugal, minhas premissas são mediterrâneas. Vejo um grande poder de sedução nos narizes aquilinos dos senadores e generais romanos, bem como o nariz grego afiado que se vê nas esculturas dos deuses do Olimpo (adoro quando os ossos nasais se encontram com a testa e formam uma linha única).

Além disso, todas as pessoas com quem tenho me envolvido de uma maneira importante têm um nariz forte; parece ser um dos meus motivos românticos.

Um comentário:

  1. De certa forma lhe agradeço por esse texto porque eu sempre tive complexo por ter narigão e, bem, neste país de bosta, o zé povinho tem preconceito com quem tem nariz grande.

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