Provavelmente poucas pessoas possam compreender o sofrimento
de se ser gay e prole ao mesmo tempo. Sim, porque, ainda que os homossexuais tenham
sido sempre associados à sofisticação, existem aqueles menos afortunados que estão
condenados a existir neste mundo sem possuir um elevado nível cultural (e
sócio-econômico) ou um grande cabedal de conhecimentos acerca de tudo aquilo
que é necessário para ser julgado “ter classe”.
Meu drama me acompanha desde a infância, quando na escola
era considerado um aluno “esforçado” ou entre os parentes, que diziam que eu
era “inteligente”, mas soando apenas como se estivessem prestando um favor à
minha auto-estima, já que soaria ainda mais falso se dissessem que um menino
afeminado e magrelo seria bonito, ou ainda, tímido como era, que seria “simpático
e talentoso”.
Ao chegar à adolescência, na busca fracassada por uma
identidade que me deixasse confortável e com a sensação de pertencimento,
ficava ainda mais cabisbaixo ao perceber que os homens gays eram frequentemente
bem sucedidos e cultos, quando não, eram sociáveis e espirituosos, donos de um
humor refinado e uma personalidade adaptável e agressiva, que jamais se
deixariam ser rebaixados.
Ao contrário disso, sempre fui condenado por estar
desatualizado, sem conhecimentos básicos sobre História ou Filosofia,
desprovido de boa articulação e habilidades verbais suficientes para aprender
um novo idioma ou falar com propriedade e segurança sobre as coisas que lia ou
via na TV.
Hoje que sou adulto, loser e retardatário, nada mudou,
possivelmente apenas se cristalizou, e, se havia alguma chance de mudança em
algum momento do meu desenvolvimento, esta foi perdida e agora estou condenado
a ser para sempre um gay prole e sem perspectivas.
Talvez este blog não tenha intenção alguma que não seja mero
desabafo e reclamação da vida, de Deus, da Natureza, da sociedade, de mim
mesmo, mas também, audaciosamente, tentará mostrar que é possível ser assim: um
ser sexualmente desviante de baixo status econômico-social e insolente e
arrogante a respeito de tudo e de todos.
Caro leitor, seja bem vindo! E se não gostar, dane-se!
Guarde seu ressentimento para você.
Os seus textos têm provado o oposto, meu caro...
ResponderExcluirNo mais, deter uma sofisticação vazia... não me parece desejável.
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